quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Fui à Feira a Gondomar

Já tinha saudades de uma passeata por uma boa Feira, onde de tudo se vende. O tempo tem estado bom, de sol que não de frio, mas este não conta para baixar a moral.
Mas logo vejo uma beleza com a cabeçorra enfiada entre as grades. O bicho, ou bicha, quando me aproximei nem se mexia. Fiquei a pensar que não conseguia sair de lá. Toquei à campaínha para chamar a atenção dos patrões, mas ainda bem que ninguém atendeu. O animal salta-se de lá com um vozeirão próprio de cão macho (?), que se eu fosse homem de sustos, caía para o lado. Palavra vai, ladrar vem, combinamos uma pose para contar a estória. E para comparar a largura das grades com a sua excelentíssima cabeça, ele (ou ela) abriu só um pouquinho a boca num sorriso também para mostrar que estomatològicamente falando, anda bem tratado(a).
Recomposto, prosseguindo, vou dar ao Chafariz do Largo do Souto. Com o sol em contra-luz, fiz um boneco só para ver no que dava. Portuensemente falando, deveria dizer o que deu, mas poderia ferir susceptibilidades mais frágeis. Fica ao paladar de cada um (ou uma), achar o que acha.
Antes que esqueça. Francamente, agora tenho medo de escrever. Com o novo acordo ortográfico, onde se retiraram letrinhas a palavras, bem como acentos, já não sei o que deva usar para exprimir o meu pensamento. Mas se entretanto os meus queridos leitores e leitoras acharem por aí uns errositos é só avisar. É que o corrector (outra palavra complicada que não sei se leva o c ou não) ortográfico cá desta coisa, não funciona à maneira. Mas como se pode sempre editar, não há problema de maior.
Acompanhem-me então pela Feira.
E nada como um conjunto de belas cores a abrir. Com o magnífico tom de azul do céu em fundo (redundância, pois não há cor de céu vermelho nem verde) o contraste é flagrante. Lindíssimo.
Uma passagem para apreciar os últimos modelos na Boutique do Alex. É LOVE por todos os lados. Começamos logo a imaginar coisas que não ficam bem numa Feira.
Mas este modelo prendeu-me as atenções. Fiquei parado a admirá-lo e logo Madame Alex veio de lá com o seu belo sorriso, perguntar se me servia. Fiquei sem fala e arranquei a grande velocidade, mesmo sem me despedir com o característico beija-mão. Espero que Madame não tenha rogado alguma coisa que me faça tropeçar no próximo cruzamento.
Aqui sim, é o meu local preferido desde há uns anitos. Páro, olho, reolho (será que existe esta palavra ?), cheiro... Sai um quarto de presunto de Lamego, que tem um kg bem pesado e um queijinho da Serra, dos pequenos, com 800 grs. Tudo por 17,70 euros, mas para mim que sou cliente vá lá, fica pelos 17,50. Bem quis que ela, a loirinha, velha conhecida, deixasse pelos 17, mas não foi em cantigas. Tira lá a foto e põem-te a penantes. Dá de frosques.
Lá voltei para a confusão dos produtos de ocasião, que sim senhores, fazem uma bela montra colorida. E tudo a 3 euros. Meninas, é pegar e andar, a caixa é logo ali.
Um olhar pelas plantas de jardim, onde uma bela camélia dá um toque senhoril. Ou não fosse a flor Portuense por excelência. Quem o diz são os Alléns e eu acredito porque andam no meio delas e com elas ao colo, há quási dois séculos.
Por falar nisso, tenho-me esquecido de fotografar as minhas, que estão lindas e carregadas. Amanhã, que já é hoje, será dia para isso, pois agora não dá. Passa da meia-noite, hora do Porto.
Neste lindo viveiro, belos mimos estão a ser transaccionados (mais um c que não sei se ainda se usa). Canteiros graciosos, coloridos, vão florir em breve. Primavera à vista...
Reflectir (cá está o c ) é bom. Mais um boneco só para ver o que dá. Maluqueiras...
Um olhar descontraído à arquitectura (outro c) gondomarense. Quási simétrico este conjunto. Foi mesmo ao calhas, até porque o passeio destinado aos peões é tão pequenino na sua largura, que não dá para paragens prolongadas e acertar cor, profundidades, enquadramentos. Sabem a que me quero referir...
Já fim de tarde, com o frio a apertar, segui a Lua que estava a aparecer. Já está cheia. Amanhã vai poesar só para mim.
Ela aqui aprisionada. Mas soltou-se rápido e sem ajuda. É assim a Lua. E luar de Janeiro, não tem parceiro. Mas os invejosos dizem, mas lá vem o de Agosto que lhe dá no rosto. Sabedorias populares, que se ensinavam não só em casa como também na escola dos nossos verdes anos.
A ver vamos.












sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Nha Bolanha

Saudades
Vídeo do meu amigo Jorge Felix e dos seus tempos voadores

Douro Vinhateiro - She

A minha homenagem a essa bela terra que mal conheço e que é o Douro.
Com um abraço para o Zé Manel

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

8/9 de Janeiro - Fim de semana como deve ser

Fim de semana prometido sem chuva. E São Pedro cumpriu. Isto é o que considero um bom amigo. A sexta-feira foi só encoberta com umas nuvens mixurucas que o Bando aproveitou para andar à solta. Do Cifrão para o Guedes, entre uma aguardente mais ou menos velha e uns copos de tinto de Lamego acompanhando um belo lombo assado, lá andei - andamos - pelas capelinhas, onde o frio de raxar esperava na rua. Nada que não se suportasse, principalmente depois do buxo quente. O sábado nasceu lindo, mas só o vi muito adiantado na manhã. Ainda deu para notar no meu mini-jardim uns resquícios de neve, coisa que é digna de registo. Meti pés ao caminho para ir ter com a camaradagem de outras guerras, que no Choupal esperavam o toque do rancho.
Mas dá sempre tempo para uma paragem e ver como as obras do Metro do ramal de Gondomar andam. Daqui a um ano, dará para um filme complexo e abstracto realizado pelo Manuel Oliveira e que servirá para comemorar os 102 anos do autor. Por falar no homem, há dias cruzei-me com ele entre o Bonjardim e a Praça D. João I e o safado não trazia a bengala e corria para atravessar a rua no sentido da Caixa Geral de Depósitos,trazeiras. (ou seria no sentido do Rivoli ?) Bom, mas para o caso não interessa nada. Só eu sei porque não corro, mas ele sabe porque corre...
Seguindo,

Em frente do local de encontro, o tal Choupal que agora também é dos Melros, fui espreitar uma ribeira que corre emparedada entre a rua e os campos. No verão tem água, e no inverno também, como é lógico. Mas derivado à agua que tem caído desses céus - Dezembro foi o mês mais chuvoso dos últimos 100 anos, segundo rezam as crónicas - julguei que traria mais. Nada de especial.

Porque houve mais melros do que o previsto, o "tacho" demorou um pouquinho, para mudança de poiso. Nada que atrapalhasse este pessoal, já habituado de há mangas de chuvas a esperar... Mas isso são outras estórias da história Pátria. De que muitos falam mas da qual pouco sabem.

Aproveitou-se para esticar as pernas e apanhar um sol que estava magnífico. E andar pela quinta, que mesmo neste tempo tem o seu encanto
Os choupos estão de folha caída, mas lá para o verão, verão como a coisa muda. Prometo uma reportagem em grande. Espero que o Gil contribua com algum, pois não sou de capinar sentado. Mas isso serão contas de outro rosário.

Entrando na bela sala, onde uma lareira "medieval" tem uns tronquitos a arder, o suficiente para aquecer q.b (quanto baste, sigla dos mestres cucas), fico por ali a rever os camaradas, uns já velhos de tantas guerras, outros ainda com a plumagem a mostrar-se.
A sala é bonita mesmo, toda em pedra, adaptada das antigas instalações da quinta. Aliás sucede assim por toda a herdade. O convívio torna-se agradável, a conversa amena, talvez aqui e ali recordando-se passados que doeram e ninguem quer esquecer. Em primeiro plano o Martins velho e o Carlos Costa, artistas do Fado, este último prisioneiro na Índia, mas com grandes estórias que nos deleita quando as conta.

As petisqueiras foram-se sucedendo e nada como umas boas tripas como prato forte. Não serão à moda antiga, quando a plebe portuense doou toda a carne para as frotas do Infante D. Henrique e apenas ficou com as vísceras. Agora são prato de rei, incluindo presunto, frango, diversas e saborosas qualidades de chouriços e claro, uns feijões brancos porque o pessoal nunca se habituou só à carne. Para um cheirinho especial, a salsa e uns cominhos são indispensáveis. E um belo arroz dourado nunca se despresa.
Acontece que a seguir tive dois convites. Um concerto em Grijó pelo grupo de fados de Coimbra, dos meus amigos David Guimarães e Carlos Costa, e um outro para o retiro do Restaurante S. João, onde o Fado Amador, ou Vadio, é rei. Aceitei este último, porque bem mais próximo de casa, porque o frio me assusta, porque, porque...

...Porque aconteceu os Manos Martins me terem entusiasmado. O tempo é por demais bem empregue. E um bom Fado de Coimbra é sempre ouvido com prazer. Tive o gosto de conhecer o José de Castro, bela voz. E que maluqueira me deu... Liguei o telemóvel para o David e pu-lo a escutar o José. Logo recebi a resposta, traz o contacto. Quando se chega a uma certa idade, parece que voltamos a meninos.
Vários e várias artistas cantaram e bem o fado tradicional. Há quem o chame de Lisboa, mas para mim o Fado é Fado.
Mas houve algo que me fez ficar alerta, como no tempo em que ouvia um trovejar e ficava a contar os segundos até à explosão. Soou-me o nome do camarigo Mexia Alves e há que averiguar o porquê. Apenas e só, porque o seu Fado Montemor de Praça Cheia estava em disputa. Pena que não fosse cantado, vá lá eu saber o porquê. Mas o meu amigo pode ter a certeza, mesmo tendo o seu fado sido "roubado" por profissionais, aqui no Porto, ou melhor dizendo, em Gondomar, é sentido e conhecido por esta malta do Vadio.

Tenho de apresentar os meus ex-camaradas, os Martins. O mais novo, cantor e de bela voz, foi para a Guiné já eu tinha regressado há muito. O mais velho, o guitarrista (primeiro da esquerda), aconteceu precisamente o contrário. Curioso, ambos são Bombeiros, o mais velho de Gondomar e o mais novo de S. Pedro da Cova. Coisas da vida.

Para a noite acabar em beleza, o grupo da Lagoa veio cantar as Janeiras. Que mais podemos desejar depois de belos convívios, óptimas comidas e bons fados ? Apenas noites de bom sono. Foi o que aconteceu comigo no fim de semana passado. Com a temperatura a menos de 3 graus.
Amanhã há mais. Tabanca de Matosinhos, Bando do Café Progresso e o que mais se verá.