domingo, 1 de abril de 2012

45 - A Cerejeira florida

Ao ver uma foto com legenda, Cerejeira em Flor, recordei umas histórias de um dia há precisamente 3 anos e uma semana.

Alguns amigos de vários pontos do País, tendo em comum parte da sua vida passada na Guiné, aceitaram um convite para uma visita à já então famosa Quinta da Senhora da Graça entre a Régua e Santa Marta de Penaguião, em pleno Douro Vinhateiro. Não é Quinta de magnatas, mas é magnánima nas vistas que nos oferece e na cortesia de bem receber.
E as minhas histórias começaram.

Olhando lindas árvores floridas, perguntei humildemente se seriam macieiras (ou laranjeiras ou pessegueiros, já não lembro.) Flores brancas para mim são beleza independentemente da árvore. Mas  são Cerejeiras, esperando o fruto para breve que melros debicarão com prazer. Assim me foi explicado pela "Dona" da Quinta. Devo dizer que já por diversas vezes os frutos desta árvore me foram ofertados. Os melros não foram os únicos felizes contemplados.

Passear por ali não cansa, é só deixar correr o olhar. Mesmo que as vinhas ainda não tenham sequer começado o seu trabalho, complementando o do homem. Isso seria lá mais para diante, dali a seis meses...
Em pleno verão esta água foi a mais gelada que já "provei". Nem a dos mares nortenhos se lhe compara. Mas isso foram 6 meses depois.
Na altura desta história e no lanche matinal, acompanhando vários salgadinhos, queijos e bôlas de várias qualidades de carnes e de sardinha, um vinho tinto apreciei. Como grande conhecedor que sou, logo ali afirmei, que rico vinho. Disse-me a "Dona", deste não bebes na Tabanca. Era (é) SEx.o Pedro Milanos. 
 
Na varanda da Casa Rural de Turismo, uma cesta de baloiço que levou comigo só para experimentar como é aquela coisa. Infelizmente parece que já não existe. Mas se não tivesse ajuda para voltar à posição normal de um humano, hoje ainda lá estaria a tentar sair dela.

As minhas explorações prolongaram-se - até nem fazia ideia que havia almoço tão cedo depois daquele lanche - e cheguei atrasado ao refeitório. Conclusão, não tinha lugar à mesa. Mas nada que me atrapalhasse. Nas janelas rasgadas para os montes, com paisagem soberba, há uns banquinhos em pedra e para ali fiz a pontaria como lugar de comer o meu almoço.
 
Antes, passeando pela casa, tinha tirado as medidas à panela e ao local onde estava estava a ser cozinhado o quê não sabia.

Mais tarde olhei, olfactei, provei, talvez a melhor feijoada que comi na vida. E se comi muitas... Já o tenho dito e escrito à posteriori deste dia. Enchi o meu prato, o copo, peguei em pão e lá fui sentar no tal banquinho à janela olhando alguns montes do Douro. De repente chega-se a "Dona" e manda-me para a mesa. A atrapalhação foi tanta que metade do molho do feijão foi parar ao chão. Aí eu piorei, mas a "Dona" logo me acalmou. E um lugar à mesa foi aberto.
Devo dizer que não foi nesta altura que fiquei com o apelido do Lateiro da Senhora da Graça. Isso foi uns meses mais tarde quando me aviei umas seis vezes de cabrito. Mas isso são outras histórias.
Mas que me aviei forte e feio também de feijoada, não tenham dúvidas. Só que nessa altura ninguém reparou.

Um boneco das belas "pomadas" da Casa. E que roupas elegantes lhe vestiram. Tiragem especial para os amigos com rótulo estanhado para o Vinho do Porto. A Aguardente também só para os amigos. E mai'nada.

Momentos passados durante aquela tarde. Senhoras a um lado e Cavalheiros a outro, para dar à tramela e ouvir o desafinanço guitarral do Jorge Félix e do Álvaro. O famoso Papa-Natas (o Ricardo Pereira é um menino de coro comparado com ele, segundo as má-línguas) que conheci naquele dia, destoa do grupo de deslambidos e sub-nutridos que ainda hoje não se recompuseram da fome que passavam há 40 anos.
Um abraço fraterno ao Zé Manel e à "Dona" Luísa. Que novinhos eles eram.

Recordações só por causa da Flor da Cerejeira. Quem a quiser ver e eu recomendo, é só saltar ao Facebook, Quinta da Senhora da Graça. E pronto.