Não posso precisar ao certo quando foram uma das grandes cheias do Rio Douro nas cidades do Porto e Gaia, que eu registei numa velha Agfa 6x9 do meu pai e cujo rolo dava para 8 ou 9 fotos. Já não lembro. Mas creio que foram no ano de 1963 ou 64. Em Fevereiro. Portanto há mais de 45 anos. Se estou enganado, que me corrijam. Se estou certo, agradeço que o façam, pois gostaria de registar a data correcta.
No interior dos Arcos da Ribeira, numa daquelas ruas de que nunca sei o nome, mas creio que é a dos Canastreiros, existe um comércio que à porta tem registadas todas as grandes cheias, com a data e a altura até onde chegaram as águas do Douro. Tenho no arquivo a foto, mas não consegui encontrá-la.
Pois bem, há uns dias, aproveitando uma acalmia no tempo que vem fustigando a cidade, resolvi refazer o trajecto que na altura presumo ter feito, para comparar como estão as duas margens do Douro. Aqui vos deixo os registos fotográficas das duas épocas, embora nas antigas estejam bem marcadas as cheias e noutras o Rio Douro quási normal. É que as barragens entretanto feitas, controlam as suas águas.
Um facto a reter: a velha Agfa tinha uma objectiva com um zoom bem curioso, fàcilmente notando-se as diferenças. Para os leigos da fotografia, essa máquina apenas regulava as distâncias, por exemplo: de 1,5 a 3 m; 5 a 7 m; infinito. E as aberturas da lente eram reguladas para sombra, sol encoberto, ou sol pleno. Isto em três símbolos. As fotos em papel foram digitalizadas pelo meu amigo Manuel Carmelita a partir das provas 6x9 cm. e lògicamente que perderam nitidez. Mas devo dizer que os originais são de uma nitidez muito grande, bem revelados e fixados, e que ao longo destes anos não perderam a sua qualidade no papel. Hoje temos as digitais, a cor, os photoshops (que não gosto de utilizar), embora faça algumas correcções a partir do Picasa2 ou da Galeria do Windows. Especialmente o "endireitar". Simples e barato.
Pois então vamos ao percurso que provàvelmente fiz na altura. Devo ter subido a Avenida da Ponte, conforme lhe chamávamos na altura, hoje é a Avenida Saraiva de Carvalho. Presumo eu que ainda assim se chama... Passei ao lado da Sé e entrei directamente no tabuleiro superior da Ponte Luíz I. A imagem é a da Avenida Gustavo Eiffel, com a Ponte D. Maria ao fundo. Na foto recente há umas ligeiras diferenças de local, pois o percurso não foi o mesmo, já que nos dias de hoje não tenho coragem de atravessar o tabuleiro. Por isso utilizei o metro e o funicular. Modernices... E nem mais um passo...Por baixo, os Guindais. Claro que há agora a Ponte do Infante a obstruir, visualmente, a de D. Maria. Mas ela ainda lá está e renovada desde há dias. E linda como sempre.

Estas comparações também mostram que a cidade evoluiu em termos ambientais. Um dos muitos ribeiros que vinham desaguar ao rio com os esgotos, já não existem. As etares tratam do assunto.


A velha árvore lá está, aguentando todas as cheias e vendo a evolução do Cais, hoje um belo passeio pedestre, onde se pode comer ou apenas beber um copo, olhando o Porto em frente.


Nota-se novamente o zoom da velha Agfa. Parece que a Capela do Senhor de Além estava logo ali.
Pela escarpa da Serra, vêm-se agora as inúmeras habitações, que de clandestinas passaram a legais. E a própria escarpa está também protegida. Polémicas para trás e para a frente, mas os inteligentes lá se entenderam. Espero eu, que para sempre, pois senão haverá tragédias.