segunda-feira, 26 de abril de 2010
O Presidente da República que temos
Ditas e reafirmadas, pois duas vezes o senhor Presidente Checo o fez e ainda por cima em tom jocoso. Do mais ordinário que já vi e li. Tratando-se de um encontro entre Chefes de Estado durante uma visita oficial - e nem que o não fosse - mostrou o anfitrião as suas origens de servidor (?) de um ex-estado totalitário arrogante, do pior que o mundo já sentiu e que a democracia não limou.
Mas o meu choque foi ampliado ao ouvir a "labreguice" do nosso Presidente da República, declarando coisas sem nexo, como se aquela afronta do desmiolado senhor checo não nos atingisse como Portugueses.
Fico com vergonha deste nosso presidente que não soube responder, mas pior que tudo, fingiu que não estava lá.
É este servidor que temos. Seja qualquer for a crise ele não sabe, não vê, não ouve. Não merece ser o Presidente de todos os Portugueses. Não é sequer um político. E nem homem deve ser. Esses têm-nos no sítio e sabem dar um murro quando é preciso. Eanes, Soares ou Sampaio saberiam o que dizer e como agir.
Está em curso a campanha do nariz vermelho. Dêem um ao sr. Cavaco para a campanha dele. Mas digam-lhe como o usar, pois ele pode pensar que é para utilizar como preservativo mas no sítio errado.
domingo, 25 de abril de 2010
As Gatas do Álvaro
Acompanhou o meu crescimento fotográfico, fez-me muita companhia nas andanças atrás de "bonecos" e a reportagem que fiz sobre a Igreja dos Clérigos deixou-nos boas recordações e risotas. Mas houve mais, como a da Casa do Infante.
Claro que não só de fotografia vive o homem, e então eram frequentes as nossas paragens pela Tininha do Mercado de Gaia, pelo Louro, pela Casa das Iscas (a Viúva) da Ribeira, pelo Quim, pela Império, pelo Os Compadres, etc. etc.
Nos 1ºs de Maio lá estávamos para uma bela passeata e melhores almoçaradas. Na Noite dos velhos tempos também fomos companheiros de grandes sessões fadistas.
A partir de determinada altura, o Álvaro fugia cedo, com a desculpa que tinha de ir tratar das "Minhas Gatas". Deixava-me intrigado, mas aceitava, que remédio.
Mais tarde vim a saber que, sim senhor, realmente existiam gatas na história. Gatas mesmo, das peludinhas, de quatro patas.
Continuamo-nos a encontrar, mas infelizmente muito menos e em casa dele.
E finalmente descobri o "mistério" das Gatas.
O Álvaro tinha um tio, do qual era a única pessoa de família. Por isso olhava pelo velhote. Que entretanto faleceu. Foram encontradas no quintal da sua casa, 3 gatas pequeninas, sem mãe, e que o Álvaro não teve coragem de deixar para lá. Então adoptou-as, levando-as para a sua casa.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
O Regresso - 8/9 de Abril 1970

...Um arrozal em pleno desenvolvimento. Pena não poderem ver as belas cores.
Catió, tantos de tal...
...Aqui é o posto construído pelos meus rapazes. Tem uma vista linda sobre a bolanha.
Bolanha, como sabeis, é... etc e tal. Catió, 4 de Dezembro de 1969.
(Não convinha nada dizer que este posto-abrigo foi feito enquanto estive internado no HM) Lá vamos nós a passear pela estrada até Gandjola fazer um reabastecimento. Parece uma procissão.
O santo vai na Daimler, pelo sim pelo não.
...Queridos Pais: Hoje levei o meu pelotão até este caminho lindo, para uma foto de recordação. Para brincar à séria, o meu alferes tem um rádio que se ouve até no Porto se for preciso. E o cãozinho é um dos muitos que sempre nos acompanham.
(o que se tinha de inventar para em casa não se aperceberem de como era a vida)

...Outra paisagem linda.
Esqueci de referir na carta que foi deste local que tive o meu baptismo de fogo. 6 de Junho de 1968. 21 horas.
Mal se vê, mas ao fundo está Catió. Reconhecimento do local
E sempre uma carta para os amigos:
Lindas bajudas depois da pesca e banho.
Sempre a lembrança de um dia especial, que fazia doer o coração:
...Olha mãe, no dia dos seus anos. Que festa fizemos a comemorá-los . Catió 12 de Junho de 1968.
...Hoje fui com uns amigos visitar umas ruínas de uma antiga fábrica de descasque de arroz.
A coisa não foi bem assim. Estava eu de vague-mestre ao rancho, imposto claro, e andava à procura de comida. Claro que a população nos era hostil e não vendia nem um frango para 4, quanto mais uma vaca ou um porco, para 100
Detestavamos o governador (chefe de posto). E porquê ? Porque foi fazer queixinhas ao comando só porque lhe assaltamos a quinta onde produzia ananazes.
Mandaram-nos do comando não sei o que fazer. Saímos ao princípio da tarde e já era noite e a rapaziada estava cheia de fome. Estávamos lá no meio da quinta. Eramos piras, com menos de uma semana de Catió. Não nos deram de comer nem ração de combate. Julgávamos que aquilo era nosso. Que havíamos de fazer...
Mato é mato, seja do governador seja de quem for.
Por estas e por outras, afinal nunca mais esqueci a Guiné. O cheiro acho que ainda o tenho, as saudades também. E sinto mais que nunca as recordações daqueles homens com quem mais de perto convivi durante 2 anos.
Alguns, poucos, já encontrei. Mas quero mais.
Alguns camaradas que com mais assiduidade convivo ( O Teixeira, o Cancela, o Carvalho velho, e outros de que não me lembro agora ) viajantes como eu no mesmo barco e nas mesmas datas, foi a Tabanca de Matosinhos que nos fez reencontrar. E recordar esses tempos, embora nunca nos tivessemos conhecido nem no barco nem nas bolanhas da Guiné.
Outros vou tendo contactos aqui pela net ou pelo telefone. Até das Américas: Alô Tobias ...
Mas devem sentir como eu, sempre que passa uma data, uma certa nostalgia dos nossos vinte e poucos anos.
Um abraço para todos os camaradas .